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GESTÃO DE RISCOS: “Um dos desafios é tomar consciência dos riscos”, entrevista com Oriol Monserrat

Categoría Gestão dos projetos aprovados

Este ano, o Interreg celebra o seu 30º aniversário, prestando especial atenção a três temas de interesse para a coesão europeia: juventude, uma Europa mais verde e a vizinhança. Nesse contexto, a cada mês entrevistamos um de nossos projetos emblemáticos relacionado com um desses temas.

Conversamos com Oriol Monserrat, do Centro de Tecnologia de Telecomunicações da Catalunha e coordenador do projeto RISKCOAST, um projeto que previne e mitiga riscos geológicos em áreas costeiras.

  • De que trata o projeto RISKCOAST?

O projeto RISKCOAST trata dos riscos geológicos associados a fenómenos meteorológicos adversos ​​que, associados à pressão urbanística, têm consequências para a população. Entre eles podemos citar a erosão costeira, deslizamentos de terra, subsidência, etc. Procuramos proporcionar ferramentas baseadas em tecnologias de ponta que melhorem a prevenção, a resposta a emergências e a mitigação dos efeitos associados a esses riscos. Além disso, estamos interessados ​​nos problemas relacionados com a água ao nível das bacias para ver como estes afetam as costas, uma vez que o que acontece a montante também afeta as nossas praias.

  • Quais são os riscos mais comuns nas nossas costas? Mudaram nos últimos anos?

Estamos lidando com riscos geológicos. Sempre existiram, mas a sua intensidade tem evoluído nos últimos anos, assim como a sua quantidade. Há cada vez mais tempestades fortes, com chuvas intensas, e a verdade é que o terreno não está preparado para esse tipo de acontecimentos. Se a isso, somarmos a construção urbanística, acabaremos com problemas de reativação de deslizamentos de terra nas costas que destroem moradias e levam a evacuações. Por outro lado, as fortes chuvas causam cada vez mais inundações devido ao excesso de construção e ao aluimento da terra.

  • Pelo que nos está a contar, os riscos nas nossas costas estão relacionados com a construção. Qual é o impacto do homem nas nossas costas?

Isso tem um impacto direto. Por exemplo, na costa de Granada, temos 3 conjuntos habitacionais parcialmente desocupados. Durante muitos anos, um grande número de obras foram realizadas em encostas instáveis ​​e tudo isso acabou gerando problemas que agora afetam diretamente a população. Além disso, quando a população aumenta, há uma tendência de extração de água do subsolo, mas deve-se levar em consideração que a construção afeta o regime das águas subterrâneas e dos rios, o que tem efeito direto sobre erosão. Todos esses fenómenos surgem das ações humanas. Para responder a tudo isto, com o RISKCOAST, apostamos na prevenção através de ferramentas que nos permitem conhecer melhor o território e facilitar o planeamento urbano.

  • O seu projeto é dirigido principalmente a especialistas em urbanismo e Entidades Públicas. Percebe que houve uma mudança de mentalidade em relação à prevenção de riscos?

As nossas ferramentas são úteis para profissionais urbanísticos e também para a proteção civil. Há anos que trabalhamos com eles e a sua predisposição sempre foi muito boa. É verdade que agora temos muitas ferramentas que nos permitem gerir melhor o ciclo de risco. Com o RISKCOAST, nosso objetivo é difundir informação sobre riscos e estimular o uso de ferramentas inovadoras.

  • Usam tecnologia de ponta: de que tipo de tecnologia estamos a falar?

Trabalhamos em três níveis. O primeiro é baseado em técnicas de satélite e tem um enfoque regional. Capitalizamos os dados de satélite gratuitos existentes e desenvolvemos ferramentas que traduzem esses dados de acordo com as necessidades das instituições, proteção civil e gestores territoriais. O segundo nível, local, concentra-se em sensores de solo e é usado em emergências. Usamos drones para monitorar áreas críticas e também trabalhamos com sar terrestres e lasers scanner que nos permitem monitorar fenómenos ativos quase em tempo real. Tudo isso facilita a tomada de decisão imediata. O último nível concentra-se em entender as bacias hidráulicas para saber o que está a acontecer no litoral. Não é tão tecnológico quanto o anterior, mas resultante importante.

  • Em que medida é vantajoso cooperar com entidades de outros países?

Graças ao projeto, podemos desenvolver a nossa rede e é enriquecedor. Já tínhamos trabalhado com parceiros espanhóis no passado, mas agora conseguimos incluir entidades portuguesas e francesas com as quais não tínhamos oportunidade de colaborar.

  • Finalmente, o que poderiam fazer os nossos leitores para ajudar a prevenir riscos nas costas?

Hoje são muitos os projetos que envolvem os cidadãos. Uma das coisas importantes é que se recompila informação que nos permita modelar e melhorar a prevenção, e aqui o cidadão comum pode ter um papel fundamental, documentando os incidentes que encontra com fotos, vídeos ou similares. Para isso, um dos desafios é tomar consciência dos riscos, para que as pessoas saibam que eles existem e que os compreendem, porque infelizmente, só nos damos conta quando somos vítimas de um desses fenómenos. Mas estamos a trabalhar nisso.

Obrigado Oriol!

Mais informação em: http://www.riskcoast.eu/