Novo regulamento de ecodesign: Inovação em reparabilidade e remanufatura para uma indústria mais sustentável

A indústria de manufatura — especialmente setores como o calçado e o têxtil — enfrenta um desafio crucial: reduzir seu impacto ambiental e incentivar a reutilização de materiais. Nesse contexto, a União Europeia elaborou o novo Regulamento sobre Ecodesign para Produtos Sustentáveis (Ecodesign for Sustainable Products Regulation), que entrou em vigor em 18 de julho de 2024, embora suas disposições sejam aplicadas de forma progressiva.

O novo regulamento estabelece uma série de requisitos para melhorar a durabilidade, reutilização, atualização e reparabilidade dos produtos. Essa normativa promove um modelo de produção mais sustentável, no qual a reparação e a remanufatura se tornam pilares fundamentais para reduzir a obsolescência dos produtos e minimizar os resíduos gerados.

Os objetivos do projeto Interreg Sudoe REMAIN estão perfeitamente alinhados com as diretrizes deste novo regulamento europeu, já que o projeto propõe a introdução da remanufatura nesses setores como parte do modelo de negócios. O objetivo principal é prolongar a vida útil dos produtos, reduzir os resíduos gerados ao longo da cadeia de produção e, assim, diminuir o impacto ambiental da atividade industrial.

Eixos principais do REMAIN

O REMAIN desenvolve soluções inovadoras centradas em três eixos principais de atuação. Especificamente, baseia-se na detecção inteligente de danos em produtos usados por meio de sistemas de visão computacional e inteligência artificial; na automatização da desmontagem ou preparação dos produtos, com o uso de uma plataforma multi-robô que permita sua reintegração na cadeia de produção. Além disso, prevê a elaboração de um Guia de Ecodesign voltado a ajudar as empresas a desenvolver produtos que, desde a origem, sejam mais facilmente reparáveis, recicláveis e sustentáveis.

O projeto REMAIN é liderado pelo Inescop – Centro Tecnológico do Calçado, e conta com a participação das Universidades de Zaragoza, Alicante, Coimbra e Clermont Auvergne INP; da Federação das Indústrias do Calçado Espanhol (FICE); bem como da empresa francesa SMA-RTY, da espanhola Automática y Control Numérico S.L, da AIDA CCI e, como entidade colaboradora, da associação social Proyecto Lázaro.

A adoção dessas tecnologias representa uma oportunidade transformadora com benefícios concretos para a indústria, ao permitir o avanço de modelos de negócios baseados na remanufatura; e também para os consumidores, promovendo a conscientização sobre a reparação de produtos. Do ponto de vista ambiental, contribui para a redução da pegada de carbono gerada pela atividade industrial.