O sector agrícola do espaço Sudoe é de grande importância económica e social, mas nas últimas décadas sofreu uma transição para um modelo baseado em práticas agrícolas intensivas e na utilização extensiva de agroquímicos. Esta mudança conduziu a um aumento das explorações de monocultura, à supressão de habitats e espécies não cultivados, à simplificação das paisagens e à degradação dos solos, acelerando assim a perda de biodiversidade e de habitats naturais nos agro-ecossistemas. Embora a perda de biodiversidade seja um fenómeno vasto, algumas das espécies mais afectadas são os insectos polinizadores, as aranhas e outros tipos de artrópodes. Estes seres são uma componente fundamental da biodiversidade e prestam serviços essenciais às culturas, como a polinização, a melhoria da fertilidade do solo ou o controlo natural de pragas. Além disso, a sua interação com a vegetação circundante ajuda a transferir microrganismos benéficos para as plantas, melhorando o seu desenvolvimento e promovendo a microbiodiversidade nas culturas. No atual contexto de eliminação progressiva dos produtos fitofarmacêuticos e de procura de práticas agrícolas mais sustentáveis, os artrópodes podem contribuir para estabilizar as mudanças de cultura e melhorar a produtividade e a resiliência dos sistemas agrícolas a longo prazo. No entanto, apesar do seu papel fundamental no equilíbrio ecológico e na produtividade agrícola, as suas populações, especialmente de insectos, estão a diminuir a um ritmo preocupante. Neste contexto, o POLITA visa conceber práticas agroecológicas inovadoras para a promoção de comunidades de artrópodes benéficas e para melhorar os seus serviços ecossistémicos (polinização, controlo biológico, saúde das culturas e transferência de microbiota dos artrópodes para os frutos), como meio de melhorar a resiliência e a competitividade do sector agrícola, incentivando a aplicação das soluções desenvolvidas pelos produtores locais e a sua incorporação nos planos estratégicos da PAC.