No dia 5 de agosto de 2025, Lisboa tornou-se o epicentro do diálogo ambiental europeu durante o 21st European Symposium on Fluorine Chemistry (ESFC Lisbon). Com um lema claro — transformar conhecimento em ação —, o encontro reuniu responsáveis políticos, cientistas, empresas, gestores de programas europeus e o público em geral para debater e agir contra os PFAS e outros contaminantes emergentes.
Os projetos financiados pela UE MAR2Protect, ALERT-PFAS e Life4Fgases lideraram um programa diversificado que combinou debates de alto nível, oportunidades de financiamento e espaços lúdicos de ciência cidadã.
Um início marcado pela urgência
A sessão de abertura contou com Rolf-Jan Hoeve (Comissão Europeia, DG ENVI) e Ana Cristina Carrola (Agência Portuguesa do Ambiente – APA).
Rolf-Jan Hoeve: «Substituir os PFAS é um problema que devemos enfrentar em conjunto.»
Ambos sublinharam que os PFAS são um desafio global que exige soluções globais. A mensagem foi inequívoca: a Europa deve agir rapidamente e em cooperação para proteger a saúde e o ambiente.
Mesa-redonda 1: Recomendações políticas para contaminantes emergentes
Moderada pela jornalista Rita Santos (Biosfera, Farol de Ideias), esta primeira mesa-redonda reuniu vozes-chave do mundo académico, institucional e industrial:
- Véronique Gouverneur (Universidade de Oxford): «Os problemas globais exigem soluções globais.»
- Luis Simas (ERSAR): «Os projetos de investigação da UE e redes sólidas entre setores são essenciais para avançar.»
- Prof. Mark Shiflett (Universidade do Kansas): «Proponho um ‘Protocolo de Lisboa’ que dê prioridade ao combate aos PFAS mais nocivos.»
- Romain Gandre (Veolia): «Precisamos apoiar os municípios na adoção de tecnologias e na orientação sobre custos.»
- Norio Shibata (Nagoya Institute of Technology 名古屋工業大学): «Partilhamos a experiência do Japão enquanto comparamos a regulamentação dos EUA e da Europa.»
- Vanessa Gouveia (Ambigroup SGPS, Portugal): «Uma abordagem circular é essencial para reduzir a poluição por PFAS nos processos industriais.»
Mesa-redonda 2: PFAS sustentáveis e seguros para a saúde e o ambiente
A segunda mesa-redonda centrou-se na inovação e nos materiais alternativos:
- Dexi Weng (Dexyan Global/Comeall Technology): «A missão é possível — mas devemos trabalhar em conjunto, definir prioridades e investir recursos.»
- Nebojsa Ilic (PFASuiki GmbH): «As soluções devem também ser economicamente viáveis.»
- Susana Fonseca (ZERO): «O exemplo da Dinamarca com embalagens alimentares sem PFAS demonstra que as alternativas já funcionam.»
- Marie-Pierre Krafft (Universidade de Estrasburgo): «Precisamos de uma colaboração interdisciplinar mais forte.»
- Lourdes Vega (Khalifa University): «A inteligência artificial pode acelerar soluções — se a utilizarmos com discernimento.»
- Bruno Ameduri (Institut Charles Gerhardt Montpellier): «Descobrimos os PFAS há 85 anos — não podemos esperar décadas por uma solução.»
- Beate Koksch (Freie Universität Berlin): «Combinando tecnologia, ciência e regulamentação, chegaremos lá.»
Sessão conjunta de oportunidades de financiamento
Durante a tarde, o foco voltou-se para o combustível da inovação: o financiamento. A sessão conjunta de oportunidades de financiamento, moderada por Tamara Rodríguez Silva (FEUGA), ofereceu um momento privilegiado para ouvir diretamente gestores de programas europeus e nacionais:
- Bernd Decker (CINEA) e Vanda Pereira (APA) explicaram como navegar pelos programas LIFE e outros geridos pela Comissão Europeia.
- Javier Pinedo (Life4Fgases) e Ana Pereiro (MAR2Protect) partilharam histórias de sucesso de projetos financiados.
- Ana Sutcliffe (ANI) apresentou as oportunidades do Horizonte Europa para atores portugueses.
- Raquel Rocha (Agência para o Desenvolvimento e Coesão – AD&C) detalhou como o financiamento Interreg liga regiões e amplia soluções locais.
- Isabelle Roger (Interreg SUDOE) destacou a força da cooperação transfronteiriça.
- João Araujo (ALERT-PFAS) mostrou como os projetos Interreg podem ser catalisadores de inovação no combate aos contaminantes emergentes.
Fórum europeu de networking em investigação
A conferência abriu igualmente espaço para o futuro: centros de investigação e empresas portuguesas — CEFITEC, CENSE, LAQV, LIBPhys, MARE e UCIBIO — apresentaram competências e exploraram colaborações potenciais para Horizonte Europa, LIFE e Interreg. O ambiente foi dinâmico e fértil, lançando sementes para futuros projetos europeus.
FUN HALL – Ciência em ação para todas as idades
Em paralelo, o FUN HALL transformou a ciência numa experiência acessível, criativa e participativa:
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Exposição de materiais e pósteres de projetos europeus
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Jogos interativos sobre contaminação da água, reutilização de recursos e sustentabilidade urbana
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Quizzes ambientais com prémios surpresa
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Sala de cinema com curtas-metragens, animações e testemunhos de projetos
🌟 O grande destaque foi o «Aquaville», uma simulação interativa na qual mais de 120 crianças de escolas de verão locais aprenderam a gerir uma cidade para a proteger da poluição.
Organizadores resumiram: «Através do trabalho em equipa, do raciocínio rápido e da resolução de problemas, os participantes compreenderam como as decisões ambientais moldam o futuro da sua cidade.»
Um dia de ação, inspiração e ligação
A participação do ALERT-PFAS no ESFC Lisbon mostrou que o combate aos PFAS não se limita a identificar problemas: trata-se de construir soluções coletivas.
A mensagem final do dia foi clara:
✅ A ciência está pronta.
✅ O financiamento existe.
✅ Os parceiros estão disponíveis.
Agora é o momento de agir e avançar rumo a um futuro sem PFAS.